Historicamente conhecida como o berço de vastas reservas de fosfato, fundamental para a agricultura brasileira, a região de Tapira, no Triângulo Mineiro, emerge hoje como um epicentro de importância global: um dos pontos mais estratégicos para a mineração de Elementos de Terras Raras (ETR) no Ocidente.
Esses 17 metais são essenciais para tudo que envolve alta tecnologia — de motores de carros elétricos e turbinas eólicas a sistemas de defesa e smartphones — e sua posse é central na disputa geopolítica do século XXI.
Tapira no Centro do Foco Global
O Brasil já detém a segunda maior reserva de ETR do mundo, mas o que torna o complexo mineral de Tapira/Araxá tão especial é a qualidade e a viabilidade de sua jazida.
Tapira está inserida em um complexo geológico alcalino que, ao longo de milhões de anos, concentrou minerais de forma única. A presença de terras raras de alto teor, muitas vezes associadas a vastas reservas de nióbio (outro mineral estratégico no qual o Brasil é líder mundial), confere à área uma vantagem econômica e logística incomparável.
Essa característica faz com que a extração na região seja vista como uma das poucas rotas viáveis para quebrar o monopólio de fornecimento da China.
O Risco do Monopólio Chinês
O valor da jazida de Tapira reside na urgência de se criar alternativas para o mercado global.
A China detém o controle quase total das Terras Raras, dominando mais de 60% da extração e cerca de 90% do processamento mundial. Essa disparidade confere ao país asiático um enorme poder de negociação e é a razão pela qual nações ocidentais buscam desesperadamente novas fontes.
Essa concentração é visualmente impactante, como demonstra o diagrama de proporção (Treemap) que circula no mercado: a maior fatia, em destaque, é dedicada ao volume chinês, enquanto as reservas do resto do mundo, incluindo grandes potências, aparecem em porções fragmentadas e menores.
O Futuro da Produção em Minas Gerais
O potencial do complexo de Tapira/Araxá já se traduz em grandes investimentos. Mineradoras internacionais estão destinando bilhões de reais à região, com planos de iniciar a produção em larga escala de Terras Raras nos próximos anos.
Projetos como o desenvolvido em Araxá, vizinha direta de Tapira, buscam não apenas extrair o minério, mas também desenvolver a capacidade de beneficiamento local. As expectativas são de que a produção mineira contribua de forma significativa para o suprimento global, garantindo que o Brasil deixe de ser apenas detentor de grandes reservas para se tornar um produtor global relevante.
O desafio final, no entanto, permanece: o país deve investir na cadeia de valor completa, transformando o minério bruto em ligas metálicas e ímãs de alto desempenho. Apenas assim, Tapira se consolidará como o ponto de partida de uma nova era de soberania tecnológica e econômica para Minas Gerais e para o Brasil.