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Tapira Teen - A Revista Digital de Tapira
Publicado em: 15/09/2025
Região de Tapira ardeu em chamas no final de semana
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Na última quinta-feira (11) foi comemorado o Dia do Cerrado, um dos maiores e mais importantes biomas brasileiros, o qual abriga uma grande quantidade de espécies endêmicas da fauna e da flora nacional, sendo ainda considerado a "berço das águas", pois abriga as nascentes de oito das doze grandes bacias hidrográficas nacionais.

Embora o tempo era de festa por celebrar a "savana brasileira" o município de Tapira não teve motivo nenhum para comemorar. Boa parte do bioma "gemeu em dores de parto", acuado pelo fogo, que parecia ter um apetite insaciável.

Já alertávamos desde a quinta-feira para uma conjunção de fatores climáticos extremos que assolavam o município de Tapira, causando fortes ameaças à saúde pública. O alerta emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia - INMET - sobre as chances de ocorrência de níveis de umidade do ar abaixo de 12% (inferior às encontradas no Deserto do Saara), somado ao calor de grandes proporções e o número de partículas suspensas no ar já tornava difícil o simples ato de respirar.

Esse mix de condições desafiadoras à saúde do ser humano, também se configuraram em um ambiente mais que propício para que o fogo fosse o personagem principal de uma extensa região do município de Tapira.

Durante a quinta-feira (11), sexta-feira (12) e sábado (13) boa parte das regiões do Tamboril e Nova Suécia ardeu em chamas. Na tarde de sábado ocorreram vários focos de incêndio espalhados por uma área de cerca de 26 km2, como mostra o alerta emitido pela Defesa Civil do Estado e Minas Gerais.

Esses incêndios de grandes proporções avançaram de forma assustadora, deixando um rastro de destruição ambiental e distribuindo prejuízos econômicos por onde passavam.

Na Fazenda Tamboril, a tarde do sábado ficou marcada como um momento assustador e sem precedentes. "Eu estava sozinha em casa, quando recebi uma mensagem de um vizinho falando que havia fogo em nossa propriedade, então saí de dentro de casa e avistei o fogo numa palhada de milho próxima do local. Com o vento o fogo se espalhou muito depressa se aproximando cada vez mais de casa e eu fiquei em desespero. Comecei a pedir ajuda aos vizinhos e rezando para o incêndio não se aproximar. Graça a Deus o Jadir chegou e foi chegando mais gente, uns com trator, outros com bomba costal com água e outros com ramos, e com a graça de Deus conseguimos controlar o fogo. Com o incêndio houve vários danos na nossa propriedade, mas o prejuízo maior foi na parte da minha sogra onde começou o fogo e queimou tudo, palhada, cercas e mata ciliar" - desabafou Rosilaine de Fátima Ribeiro Alves.

No Sítio das Quaresmeiras, propriedade do Sr. Ezequiel Rezende de Lima, o fogo destruiu as cercas, queimou os canos de água e atrapalhou um momento de grande alegria.

"Eu estou exausto de carregar bomba d'água nas costas, de entrar dentro de mato, de tentar apagar queimada. Todas as minhas cercas foram queimadas, viraram carvão. Eu vou ter que comprar material e fazer tudo de novo. Para completar eu tinha uma comemoração do meu aniversário programado para o sábado e o incêndio queimou todo o encanamento na sexta-feira e eu fiquei sem água. Tive que me desdobrar para criar uma solução paliativa para receber as pessoas. A sorte é que eu tinha roçado o mato do meu pomar, senão o fogo teria chegado pertinho da minha casa. Acho que é importantíssimo a partir de agora as autoridades se prepararem para ajudar os fazendeiros nesses casos de incêndio. Precisamos ter mais recursos para combater o fogo" - desabafou.

Na Fazenda Nova Suécia o casal Cristino e Cristina, juntamente com as filhas Aline e Amanda, passaram momentos angustiantes e enfrentaram um desafio constante contra as chamas, que teimavam em não cessar e faziam gemer de dor a serra local, um verdadeiro santuário quase intocado da fauna e flora do cerrado tapirense.

"Esse final de semana foi muito desafiante para nós. A queimada começou na sexta-feira e tivemos que enfrentar um inimigo que não se dava por vencido, o que tornou tudo muito desgastante. Quando a serra começou a queimar logo fomos para lá apagar o fogo, mas assim que o vencíamos ele começava em outro lugar. Íamos para o novo foco e quando terminávamos ele recomeçava onde já tínhamos apagado" - conta Alise Resende.

Por falar em angústia, Aline conta como foi a noite de sexta-feira para sábado, quando a família tentava dormir e o barulho do incêndio não deixava.

"Durante a noite o fogo estralava na serra e descia em direção à pastagem. Ninguém conseguiu dormir, tomados pelo medo, pela preocupação com os animais e pelo barulho do vento e das chamas. Foi um dos momentos mais angustiantes" - desabafou.

"No sábado à tarde minha irmã conseguiu acionar o Corpo de Bombeiros. Quando eles chegaram verificaram os focos na serra, mas alegaram não ter acesso e nem recursos suficientes e acabaram indo para tentar atender outro foco em uma outra fazenda. Fomos nós mesmos, com a heroica ajuda dos vizinhos, que tivemos que enfrentar o fogo. Ou a gente enfrentava ou perdia tudo o que tinha. Graças a Deus no domingo conseguimos controlar o incêndio" - finalizou Aline.

Pelos depoimentos acima fica evidente o prejuízo material ocasionado pelos incêndios que fizeram arder a região do Tamboril e Nova Suécia em Tapira, assim como é cristalino o dano causado ao meio ambiente, destruindo em larga escala boa parte da flora e fauna da região.

Esses fazendeiros terão que refazer cercas, regularizar o abastecimento de água, reformar pastagens e a natureza terá a dura missão de reconstruir o que incandesceu e se esvaiu a temperaturas colossais.

"As queimadas são uma tragédia que, em poucas horas, apagam séculos de equilíbrio natural. O que o fogo destrói em um dia, a natureza leva anos, às vezes décadas, para reconstruir. Nesse processo, naão se érde apenas a vegetação: o solo fica mais frágil, os cursos d´água são comprometids e inúmeras espécies de animais perdem o seu espaçõ e a própria vida. A regeneração acontece, mas é lenta e, em muitos casos, incompleta. Cada incêndio é uma ferida aberta no Cerrado, que dificilmente cicatriza totalmente." - explicou Alessandro Abdala, escritor, fotógrafo de natureza, guia birdwatching na região de Sacramento e referência nacional quando o assunto é o Parque Nacional da Serra da Canastra em Minas Gerais

Embora não se possa apontar a origem de tudo isso, é essencial que a sociedade, como um todo, crie mecanismos para evitar e combater esses incêndios, promovendo a segurança das famílias que moram no campo e evitando danos irreparáveis ao meio ambiente.

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