A produção do Queijo Minas Artesanal é uma tradição mineira e do município de Tapira. Produzido desde o início da colonização destas terras ele foi a principal fonte de renda de inúmeras famílias ao longo da história.
Com o passar dos anos a legislação começou a impor uma grande quantidade de exigências para garantir um padrão sanitário e de qualidade e acabou afastando vários produtores da atividade, pois a adequação era um processo demorado e oneroso.
No caminho inverso a essa grande quantidade de produtores rurais que abandonaram a produção a Sra. Maria Geralda de Souza Silva resolveu investir nesse nicho de mercado e enfrentou o desafio de certificar a sua queijaria.
Empresária tapirense de sucesso no ramo do comércio, sendo proprietária de panificadora, pousada e salão de eventos na cidade, a Dona Maria da Padaria, como é carinhosamente conhecida em Tapira, conta que a produção de queijo é algo que fez parte da sua infância.
"Quando nasci meu pai já fazia queijos. Além disso, quando comecei com a minha padaria eu comprava queijo e leite, mas percebi que os queijos não tinham um padrão de qualidade. Então resolvi comprar duas vacas para produzir o queijo e leite que eu gastava para fazer as quitandas. Com o tempo eu fui adquirindo mais vacas e já sobrava o queijo para vender na padaria" - explicou a Dona Maria da Padaria.
Quando essa produção "para o gasto" virou um hobby e começou a atender à sua demanda veio um problema.
"No final de 2016 fui proibida de vender os queijos na padaria por não ter certificado. Nesse momento eu percebi que para continuar eu deveria buscar o processo de certificação, algo que durou quase 4 anos e que foi bastante complicado. Meu esposo me disse várias vezes para eu desistir, mas eu não desisti e fui até o fim" - confidenciou.
Depois de tanto tempo e diversos desafios veio a grande notícia: a Dona Maria da Padaria recebeu o Certificado de Registro nº 15.496, emitido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) do Governo do Estado de Minas Gerais.
Nesse período de quase quatro anos de processo de certificação a Dona Maria da Padaria buscou aprimorar o que já tinha de conhecimento desde a infância e realizou cursos de boas práticas, maturação e aprendeu a produzir o queijo mofo branco, o defumado e o temperado.
O nome dado para batizar o queijo foi Pingo da Serra, denominação que a Dona Maria da Padaria explica a inspiração.
"Pingo porque o queijo minas artesanal é produzido com o pingo - fermento lácteo natural que nada mais é do que um soro que pinga de um queijo que já está pronto e é utilizado na produção do dia seguinte - e, da Serra, pela nossa proximidade com a Serra da Canastra, que tem tradição em produzir um queijo inigualável e pelo relevo da minha chácara, cheia de morros" - explicou.
Toda a produção acontece na Fazenda Antas, localizada dentro do perímetro urbano, tendo como pontos de venda em Tapira a Casa de Carnes Grife do Boi e a Panificadora Bom Gosto, onde os turistas costumam adquirir o produto. O queijo Pingo da Serra também é vendido em Araxá, Brasília, Curitiba, Ribeirão Preto e São Paulo.