Há um pouco mais de 14 anos era registrada na região de Palmeiras, no município de Tapira, uma das aves mais raras encontradas em todo o Brasil, a Harpia, que é a maior espécie de rapina da região neotropical e também considerada a mais possante do mundo (Sick 1997).
"Estávamos vivendo o dia 23 de fevereiro de 2006 e o relógio apontava 09h30, num típico dia de verão, quente, céu parcialmente encoberto e com chuvas esparsas. Foi quando observe uma harpia adulta, provavelmente uma fêmea devido ao grande porte, pousada numa pequena cruz de madeira (cerca de 1,2 m de altura) no alto de um morro" - conta o biólogo Adilson Luiz de Oliveira.
Segundo o biólogo "durante algum tempo a ave permaneceu neste local, saindo somente quando foi tentada uma maior aproximação para obtenção de fotografias por um dos autores. Devido ao vento no local, a harpia somente abriu suas asas e já alçou vôo, sem ter que bater as asas, desaparecendo logo em seguida, voando baixo em direção a mata adjacente, vocalizando antes de sair".
Em biomas como a Mata Atlântica, é extremamente rara, havendo poucos registros e informações recentes a respeito (Galetti et al.1997, Pacheco et al.2000). Em Minas Gerais, estava classificada há pouco tempo (deliberação Copam 041/95) como provavelmente extinta, e somente em 1996 um exemplar foi fotografado em Cataguases, na Zona da Mata, e um outro registro recente não documentado de uma grande ave de rapina, que foi atribuído à harpia, para a região metropolitana de Belo Horizonte (Machado et al.1998).
"Embora já tivéssemos registrado diversas vezes nesta região a águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus), outra ave de rapina de grande porte que é típica do Cerrado (Silva e Silva 2003), a presença deste exemplar de harpia nos causou surpresa, pois são extremamente raros registros efetuados no Cerrado do Brasil" - explicou Adilson Oliveira.
O avistamento da rara ave mereceu uma publicação na edição de Dezembro/2016 da "Registro de Harpia (Harpia harpyja) no cerrado de Tapira, Minas Gerais, Brasil", por Adilson Luiz de Oliveira e Robson Silva e Silva.
Como na época os equipamentos de captação de imagem não tinham tanta capacidade a foto acabou não tendo uma grande qualidade, o que não tira o mérito dos avistadores, que encontraram um verdadeiro tesouro em pleno município de Tapira. Desta forma ilustramos a matéria com a foto capturada por Gustavo Pedersoli, registro feito no município de Manacapuru, no Amazonas.