Representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Araguari e órgãos fiscalizadores realizam nesta quinta-feira (4) em Tapira, no Alto Paranaíba, umaaudiência pública para apresentar o resultado de uma visita técnica realizada em propriedades rurais após receberem denúncias feitas por moradores de que as nascentes do rio estariam secando devido à exploração mineral da Vale Fertilizantes. O objetivo da audiência será promover a discussão sobre questões relacionadas ao uso dos recursos hídricos na região e apresentar soluções aos questionamentos dos moradores.
Em nota, a Vale Fertilizantes informou que como integrante do CBH Araguari foi convidada pela instituição a participar das atividades propostas e considerando pertinente e oportuna a iniciativa do CBH, colocou à disposição as instalações do Complexo de Mineração de Tapira, onde ocorreu uma visita técnica e garantiu a participação de técnicos e executivos durante toda a programação, contribuindo para discussão esclarecedora.
Denúncia
Segundo a Associação do Assentamento, pelo menos seis nascentes da região secaram e, nestes locais, cerca de dez famílias dependiam da água. O morador Ronaldo Silva afirmou que atualmente é possível caminhar pelas minas, que não brotam água há cinco anos. "A água abastecia a fazenda e foi perdendo a força até parar de brotar. Em março de 2011 já não tinha mais", afirmou.
O problema se tornou frequente e, de acordo com o presidente da associação Neyson Borges, nesta quinta-feira ele foi informado novamente de mais uma mina que secou na região. "Mais um morador do assentamento me procurou, disse que a água diminuiu demais e pediu para a gente ver o que faz. É uma dificuldade danada, tem que falar com a mineradora, com a Prefeitura, se o problema não resolve as familias ficarem sem água", acrescentou.
No município, a exploração de rocha fosfática começou em 1979. A bióloga Letícia Guimarães informou que a atividade pode ter mesmo um grande impacto na oferta de água na região. "Para fazer a retirada do minério é preciso rebaixar o lençol freático, com isso o pessoal do lado já tá sem água. Rebaixando faz o desnível e dificulta o escoamento da água, então o pessoal do outro lado fica sem água", informou.
Medidas Uma comitiva está apurando denúncias relacionadas à situação das nascentes em Tapira. O presidente do CBH Araguari, Antônio Jacomini, informou que fará um levantamento da situação para discutir medidas com o objetivo de evitar que estes conflitos aconteçam. Já o presidente da Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram) do Triângulo Mineiro, Franco Cristiano, informou que serão feitas avaliações e discutidas com a sociedade.
"Podemos fazer uma reflexão de tudo que foi ouvido e o que foi debatido. É importante saber que o empreendimento foi devidamente licenciado e que alguns impactos já estavam previstos, mas vamos acompanhar mais de perto a situação", concluiu.
Fonte: G1.