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Tapira Teen - A Revista Digital de Tapira
Publicado em: 01/07/2016
Moradores temem rompimento de barragem em Tapira
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O rompimento da barragem em Mariana deixou a população de Tapira, no Alto Paranaíba, ainda mais temerosa. Isso porque uma barragem da Vale Fertilizantes na cidade apresenta vários problemas, entre eles, rachaduras. A Prefeitura chegou a pedir um estudo técnico e, apesar da empresa dizer que não há risco de rompimento, a preocupação ainda é grande.

Em nota, a Vale Fertilizantes esclareceu que as barragens em operação no complexo de mineração de Tapira estão devidamente regularizadas, são monitoradas constantemente e têm capacidade para receber material de forma segura, passando por auditorias externas periódicas. Informou, ainda, que até o final deste ano fará um simulado de emergência com envolvimento da sociedade civil.

A barragem fica às margens da rodovia, a cerca de 15 km de Tapira, e está passando por algumas obras. A lama é resultado da extração de rocha fosfática usada em fertilizantes e, segundo a bióloga Rosângela do Amaral Rios, está sendo feito o alteamento. "A crista da barragem tem um aumento na altura para aumentar o reservatório e receber mais lama. Não existe licenciamento, não existiram os trâmites legais, então não existe uma segurança de que as obras feitas aqui vão garantir que não tenha ruptura", disse.

A barragem em questão é quatro vezes maior que a de Mariana e não seria a única que precisaria de intervenções. No ano passado, a mineradora pediu autorização para desmatar uma área de mais de seis hectares a fim de instalar estruturas de bombeamento necessárias à segurança da barragem de rejeitos.

Em um documento enviado à Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram), a Vale justifica que tal alteração é necessária devido à intensa sedimentação de sólidos no local atual, o que compromete a segurança da barragem e piora a qualidade da água. Em outro trecho, afirma que o excesso de água e rejeito, nos períodos chuvosos, potencializa o risco de ruptura da barragem e multiplica o potencial de dano em caso de acidente.

A mineradora tem seis barragens na região e informou no documento que a ruptura da barragem de rejeitos causaria um efeito cascata. Por isso, seria necessário adotar algumas medidas emergenciais. O rompimento atingiria um vale cheio de pequenas propriedades e o Ribeirão do Inferno, que deságua no Rio Araguari.

Para o vendedor Alcino Moraes a situação é grave. "Essa barragem do asfalto não tem segurança para a quantidade de rejeitos que tão colocando ali. Eu tenho medo e a gente não vê eles especificarem pra qual a prevenção que estão fazendo. Aqueles que moram às margens do Ribeirão do Inferno, onde pode acontecer um acidente, se ocorrer, ninguém está preparado pra se defender", comentou.

A professora Sabina Lemos também tem receios quanto à segurança da barragem. "Toda pessoa que está próxima a uma barragem tem esse receio, porém, segundo a Vale, ela está dentro das normas de segurança, mas é sempre bom dar uma fiscalizada para ver se não tem nenhum risco", comentou.

A preocupação com um desastre ambiental nos moldes de Mariana levou o prefeito de Tapira, Laveter Pontes Júnior, a contratar uma empresa de consultoria para analisar os estudos enviados pela Vale. Chamou atenção que os dados são de 2013 e estão bem desatualizados, como no plano de ação e emergência.

A auditoria técnica da Vale assume que a condição da barragem de rejeitos é satisfatória, mesmo assim recomenda algumas providências como a correção de erosões, sempre remover o material rochoso antes do período chuvoso e manter as ações de monitoramento de 15 em 15 dias.

A exploração de rocha fosfática começou em 1979. Além dos riscos com as barragens, especialistas ambientais dizem que o impacto é grande na oferta de água na região. "Pra fazer a retirada do minério eles têm que rebaixar o lençol freático, com isso o pessoal do lado já tá sem água", disse a bióloga Letícia Guimarães.

Ainda de acordo com a bióloga, no levantamento que foi feito até agora em 27 nascentes, seis secaram completamente e nove estão comprometidas. Sobre essas nascentes, a Vale ressaltou que está realizando estudos hidrogeológicos e já tem ações propostas no sentido de reduzir possíveis impactos decorrentes da operação da mina.

Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), a Vale Fertilizantes em Tapira foi fiscalizada no dia 18 de maio deste ano e multada por fazer alteamento de barragem sem a devida licença ambiental. Mesmo sem os laudos e com a reclamação dos produtores da região, a Fundação diz que não foram encontrados indícios de instabilidade na barragem.

Uma cópia do auto de infração foi encaminhada para o Ministério Público Estadual (MPE) e para a Coordenadoria do MPE para que sejam tomadas as medidas cabíveis, pelo motivo de a empresa realizar alterações no projeto inicial sem a licença.

O presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Araguari (CBH Araguari), Antônio Giacomini, disse que o Comitê tem reunião marcada em Tapira para debater a questão da água e das barragens.

"Vários conselheiros e outras pessoas que a gente reconhece como de respeito e de conhecimento técnico na área nos procuraram para que o Comitê tomasse alguma providência. A providência que podemos tomar dentro da sua obrigação legal é promover o debate, promover a discussão entre as partes interessadas e, a partir daí, dar o encaminhamento para o Estado", comentou.

Fonte: G1.

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