O tico-tico de máscara negra é um pequeno pássaro de cerca de 13,5 cm de comprimento e com peso de cerca de 15 gramas. Segundo o WikiAves, o macho tem coroa, face, bochechas e ouvidos pretos, sobrancelhas e partes inferiores brancas, manchas pretas dos lados do peito, nuca cinzenta se transformando em marrom nas costas, com listas finas, asas oliváceas com amarelo nas carpais, cauda preta com amplas pontas brancas, visíveis no voo, bico de duas cores, parte de cima preta e mandíbula laranja. A fêmea é geralmente mais parda, com asas mais esverdeadas e sem preto nas costas.

Essa descrição acima dá referência a uma espécie ameaçada de extinção que habita campos de vegetação arbustiva e campos limpos, em regiões de capim alto e algumas vezes, úmidos conforme a estação do ano. De tão raro seus hábitos ainda foram pouco estudados.

No início do mês de outubro nossa reportagem conseguiu capturar imagens dessa espécie por duas vezes perto do entardecer na Fazenda São Francisco de Assis, região do Tamboril, no município de Tapira (MG).

Em ambas as oportunidades o pequeno pássaro foi encontrado pousado em galhos secos dentro de uma área preservada de macega (Axonopus pressus) - gramínea nativa dos campos do cerrado brasileiro.

O tico-tico de máscara negra está classificado pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como Vulnerável (VU), o que significa que a espécie está vulnerável quando as melhores evidências disponíveis indicam que enfrenta um risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo, a menos que as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem.

Segundo Alessandro Abdala, guia de birdwatching e autor de livros relacionados à fauna da Serra da Canastra - um dos principais redutos de vida selvagem do país -, essa espécie está desaparecendo por causa da substituição da vegetação nativa pela agricultura e que Tapira é um dos seus poucos redutos remanescentes.

"O tico-tico de máscara negra pode ser encontrado exclusivamente nas áreas onde ainda tem campo nativo. Tapira é um dos poucos lugares do Brasil onde essa vegetação ainda não foi totalmente substituída por soja. Nessa época, bem de manhãzinha ele costuma sair do capim e empoleirar no topo de ramos finos, para cantar. É uma ótima oportunidade para quem deseja fotografá-lo" - explicou.

Segundo o WikiAves, apenas 82 dos 5.570 municípios brasileiros possuem registros catalogados da espécie - o que corresponde a 1,47%. 59 deles se encontram no estado de Minas Gerais, com grande concentração na região da Serra da Canastra e seu entorno. São Roque de Minas é o campeão de registros, com 294 ocorrências, enquanto Sacramento é o terceiro da lista com 65. Tapira chegou à sua segunda ocorrência catalogada - a primeira foi registrada por Fabio Rage em 2012.