O Engenho, como é conhecida ainda hoje a propriedade do Sr. Luiz Alberto Barcelos, que exerceu por muitos anos o cargo de Diretor da Escola de Ensino Fundamental do Município, foi um local de grande protagonismo na época da emancipação de Tapira e nos seus primeiros anos como cidade.
Naquele lugar, chegaram a funcionar nos anos 1960, um alambique, uma serraria e, até mesmo, uma mini usina de energia elétrica, algo muito raro para aqueles anos ainda tão distantes da tecnologia.
"Meu pai nunca gostou muito de fazenda, da vida de lidar com o gado e plantações. Ele dizia que era um homem progressista, que gostava de máquinas, de inventar soluções que facilitassem o seu dia a dia e, consequentemente, das pessoas ao seu redor. Ele começou fazendo pinga, depois colocou uma serraria e montou uma mini usina de energia elétrica" - contou seu filho, Luiz Alberto Barcelos.
Esse homem, com visão muito além das pessoas da sua época, foi o Sr. Luiz José Barcelos, que era filho de José Luiz de Souza e Dona Filisbina, tendo sido pai de seis filhos.
Um alambique produzia nos anos 60 uma genuína bebida brasileira e muito apreciada em toda a região. A produção era feita com matéria-prima (cana de açúcar) cultivada na propriedade do Sr. Luiz José Barcelos e também adquirida de amigos, nas proximidades. A cachaça era comercializada no município e em Araxá e ostentava o nome de 'Antas', em homenagem a essas terras - cujo nome originou-se de tapir (anta), palavra de origem indígena, animal outrora existente em grande quantidade na região.
A usina elétrica montada no Engenho era movida a turbinas e era a única fonte de energia da cidade. A produção era utilizada no local e cedida a amigos do Sr. Luiz José Barcelos, sendo que a sua função era iluminar as residências no período noturno, uma vez que naquela época os aparelhos movidos a eletricidade eram artigos de extremo luxo e ainda não haviam chegado por aqui.
Iniciada também nos anos 60 a serraria do Engenho foi utilizada até a morte do Sr. Luiz José Barcelos no ano 2.000. Aproveitando a força das águas do Córrego Antas, que corria próximo à chácara, ele construiu uma roda d'água - ainda hoje existente no local - e desviou o curso do córrego, para que a movimentasse. O movimento da roda d’água fazia funcionar a serra. Estava pronta a serraria da cidade, que serviu para preparar peças de madeira para a produção de móveis, pontes e currais em várias partes do município.
Atualmente o Engenho está muito bem cuidado pelo Sr. Luiz Alberto Barcelos, que herdou a propriedade e há alguns anos realizou uma grande restauração no local.
A roda d'água ainda é a mesma de quando a serraria estava em atividade e continua funcionando perfeitamente, assim como o moinho, que era utilizado para transformar o milho em fubá.
O local é constantemente alugado para festas e eventos, aos quais empresta as suas características de rusticidade e nostalgia, fazendo os visitantes realizarem uma verdadeira "viagem no tempo", recordando um pouco da Tapira dos primeiros anos pós-emancipação.