Planejar a exploração de uma área de dezenas de quilômetros, rica em rocha fosfática, uma das matérias-primas para fertilizantes é tarefa complexa. As unidades de mineração da Fosfertil, localizadas em Catalão (GO), Tapira e Patos de Minas (MG), utilizam uma ferramenta matemática, empregada pela equipe de avaliação de recursos e planejamento de lavra, para atribuição de teores e contaminantes, chamada de geoestatística. “É uma técnica que permite estimar dados em locais não amostrados levando em conta o comportamento espacial de fenômeno e minimizando o erro desta estimativa”, define Luciano Capponi, engenheiro de minas da Gerência Executiva de Mineração da Fosfertil. Ainda segundo o engenheiro, o propósito de um planejamento de lavra eficiente é oferecer subsídio para a equipe decidir sobre a capacidade de minerar determinado depósito a partir de teores estimados. Se uma porção de minério da jazida é erroneamente classificada como estéril, o prejuízo é igual ao valor de mercado do concentrado que poderia ser obtido com o aproveitamento deste minério. Da mesma forma, se um bloco de material estéril é classificado como minério, a perda assemelha-se ao custo do beneficiamento deste bloco. Além da sua aplicabilidade na estimativa de teores, a Fosfertil também utiliza a geoestatística na transformação do conhecimento físico de um fenômeno em números (quantificação), predição de valores desconhecidos, estimativa de malhas de sondagem (otimização amostral) e na geração de mapas de simulação para estudos de sensibilidade e incertezas dos depósitos minerais. "Todas essas técnicas estatísticas permitem aprimorar o conhecimento sobre os depósitos, reduzir a incerteza, minimizar custos e maximizar a utilização do minério", completa Capponi. Em Tapira, para planejamento a curto prazo, a Fosfertil realiza diariamente análises de amostras das frentes de lavra da mina. Os trabalhos são realizados desde 1994, totalizando até hoje mais de 20 mil furos caracterizados. As amostras passam por simulações na planta piloto, uma usina em miniatura para realização de projetos experimentais. Segundo Josiane Sílvia Martins, supervisora da planta piloto, o trabalho consiste em reproduzir todas as etapas do processo industrial, como a moagem, a separação magnética e a deslamagem, em escala contínua (na usina piloto), e as etapas de atrição, homogeneização e flotação realizadas em escala de bancada. "Utilizamos parâmetros operacionais iguais aos industriais, para maior confiabilidade nos resultados. Os reagentes de flotação são os mesmos utilizados na usina de beneficiamento e seguem o procedimento de preparação industrial", explica. Os resultados dos testes permitem determinar a recuperação de P2O5 e o rendimento em massa que será possível obter com cada amostra, que representa um bloco na mina de aproximadamente 15 mil toneladas de minério. "Com essas informações, geradas diariamente, o planejamento de lavra consegue formar pilhas que atendam à especificação de alimentação da usina de beneficiamento da unidade e realizar um melhor aproveitamento do minério disponível", finaliza Josiane.