Num dia muito especial a seleção brasileira conseguiu desempenhar o seu melhor futebol e fez a torcida esquecer a pífia estréia contra os norte coreanos. Se no debute da copa o escrete canarinho parecia faltar óleo nas engrenagens, o que se viu ontem foi uma máquina bem mais lubrificada e rodando quase de forma redonda. A inércia da estréia deu lugar a uma maior movimentação, principalmente de Robinho, Kaká e Luís Fabiano e, conseqüentemente, uma maior mobilidade e dinamismo na equipe como um todo. A sempre bem postada defesa - tirando o lance do gol marfinense, mais uma vez se comportou muito bem, diminuiu os espaços e impossibilitou o adversário de se criar para cima do Brasil. O meio-campo tocou melhor a bola, efetuou várias viradas de jogo e manteve a sua combatividade. Já o ataque, este esteve em dia bem inspirado. O time brasileiro depende muito de eu trio ofensivo, formado por Kaká, Robinho e Luís Fabiano e, o primeiro gol mostrou que o entrosamento entre eles começa a aflorar e a criar lindas telas na galeria de arte da copa. O gol se deu no melhor estilo futebol total, com toques rápidos, movimentação, visão de jogo e, é claro, uma fulminante finalização do avante Luís Fabiano. O segundo gol misturou requintes de Pelé e Maradona: primeiro Luís Fabiano abriu a chapelaria, como Pelé fez na Copa de 1958; depois se utilizou da mão, que se para Maradona seria a de Deus, para ele apenas foi santa, para ajeitar a bola e fuzilar o goleiro. No terceiro tento brasileiro, mais uma bela notícia: Kaká está mais desenvolto, mais criativo, bem mais próximo de seus melhores dias. Depois de linda jogada, deu passe açucarado para Elano somente deslocar a bola do goleiro e balançar as redes. Daí em diante o time brasileiro esmoreceu um pouco, levou o gol numa falha de marcação, justamente do craque Drogba e, prior ainda, caiu na provocação dos marfinenses. Se nos anos 90 algumas seleções africanas não possuíam muito intercâmbio internacional e muitas vezes protagonizavam violentas entradas - muito por conta da inexperiência, o time da Costa do Marfin não pode se segurar nesta desculpa. A verdade é que o comportamento violento, hostil e anti-desportivo da equipe é uma vergonha para o que a desportividade prega, para o jogo limpo, para o respeito ao adversário. Os marfinenses são todos jogadores experientes, que defendem as maiores equipes da Europa, ganham grandes salários, tem acesso à educação e a muita coisa que seus compatriotas não possuem. Eles agiram sim com violência gratuita diante de um adversário que apresentou melhor futebol e muito mais desenvoltura. Kaká se comportou como um jogador juvenil, entrou na pilha dos marfinenes e acabou expulso. Sorte do Brasil que já estamos classificados e o jogo contra os portugueses não é eliminatório. Mas, apesar dos pesares, a seleção se comportou muito bem, mostrou competitividade e criatividade, se portou de forma vencedora. Que o time continue crescendo e possa levantar a taça. Para frente Brasil!!!