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Tapira Teen - A Revista Digital de Tapira
Publicado em: 08/08/2013
Os atleticanos do céu e da terra estão em festa
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Vai aí a íntegra da comemoração de um atleticano ilustre de Tapira, o jornalista Wander Rezende, que todos conhecem especialmente pela sua paixão pelo Galo. Ele aproveitou a conquista atleticana da Libertadores da América para comemorar relembrando e desabafando. Vale a pena conferir...

Quando vi o árbitro apontar o braço sinalizando pênalti para os mexicanos aos 45 minutos e 54 segundos do segundo tempo do jogo entre Atlético e Tijuana, pelas quartas de finais da taça Libertadores de 2013, confesso que senti aquele gesto como um punhal atravessando o meu sofrido coração atleticano. Naquele instante, assistindo ao jogo sozinho em casa, aquele filme amargo de tantas outras eliminações passou ligeiro na minha mente, na mesma velocidade dos três tiros de fogos de artifício que um vizinho torcedor do rival acabara de soltar.

Restou-me elevar meus pensamentos ao Pai da Criação e, mesmo não duvidando da sua existência, mesmo sabendo que Ele não torce pra time de futebol algum, questionei se aquela massa atleticana não mereceria na sua trajetória de vida, um título de expressão, muitas vezes dela tirado escandalosamente. Porém, se o tão sonhado título estivesse próximo que um milagre acontecesse naquele intervalo entre a falta de Leo Silva até a batida de Riascos. O Divino Pai ouviu minhas súplicas e, aos 48 minutos e 10 segundos, o pé esquerdo de Victor chutava para longe toda a angústia da nação alvinegra. Chutava toda provocação dos rivais, inclusive a do meu vizinho dos foguetes. Como disse o talentoso narrador "Pequetito", da Rádio Globo, um não-gol que se tornou um gol do arqueiro do Galo.

Talvez, mais importante que o gol de Dadá Maravilha no Brasileiro de 71, mais emocionante que os golaços de Reinaldo na sua trajetória vitoriosa, um lance que dividiu o Atlético de tantas injustiças do passado e o de sua maior glória no esporte atualmente. A defesa de Victor me fez lembrar Cássio do Corinthians quando Diego Souza, do Vasco, perdeu aquele gol cara a cara, na esticada da “mão santa” do goleiro corintiano. Seria aquela defesa de Victor a sorte de campeão que todo time precisa ter numa competição? Assim como o alvinegro paulista sagrou-se Campeão da América em 2012, o mineiro estava a quatro jogos desta confirmação.

Mal sabia que ainda teríamos que passar por testes mais agonizantes, daqueles em que o coração parecia pular como uma bola de futebol quicando sem direção. Os jogos contra o Newell's Old Boys deixou a massa atleticana ainda mais unida, mesmo após o revés de 2 a 0 na Argentina. O jogo de volta em Belo Horizonte mostrou a força do elenco mais bem preparado e qualificado na competição. Mesmo sofrido, decidido apenas nas penalidades, com outra grande defesa de Victor, o Atlético fez por merecer a sua classificação para a tão sonhada final da Libertadores, contra o tradicional Olímpia, do Paraguai.

Fato que já poderia ter acontecido com o espetacular vice-campeão invicto de 1977, derrubado por um regulamento incabível no futebol atual. Quatro anos mais tarde o título certamente viria não fosse o maior escândalo do futebol nacional que tenho notícia, em 1981 eu havia completado apenas uma primavera. Mas os jornais e a televisão não mentem. O que José Roberto Wright fez no chamado “Episódio do Serra Dourada” sangra o coração atleticano há quase 33 anos, mesmo tempo da idade de Cristo em vida, a mesma deste atleticano jornalista em redenção. Digo atleticano jornalista, pois já era atleticano antes de me formar em jornalismo, e isso nunca mudará na minha existência. Muitos amigos que assistiram àquela partida do Serra Dourada, inclusive cronistas esportivos, afirmam que o time vencedor do duelo entre Atlético e Flamengo seria campeão da Libertadores e, certamente, do Mundo. Os cariocas se consagraram, apesar da Esquadra do Galinho da Gávea ter jogado um belo futebol. Mas que tamanha injustiça com o time de Reinaldo, Éder Aleixo, Toninho Cerezo, Luizinho, João Leite e tantos outros. Aquele timaço, considerado o melhor Atlético de todos os tempos já deveria ter beijado a taça prateada, tirada escandalosamente pelo apito preparado nos bastidores. Como pode, um clube de futebol chegar 14 vezes numa semifinal de campeonato brasileiro ser campeão apenas uma vez? Logicamente algumas derrotas vieram por incompetência, mas, parte delas, o apito inimigo soprou mais alto. Basta olharmos para o túnel do tempo do esporte e muitos concluiremos que o Atlético foi um dos clubes mais prejudicados pela arbitragem na história do futebol nacional. Digo isto não para exaltar meu time do coração e querer justificar a ausência dos grandes títulos, muitas vezes motivos de sarros e piadinhas entre os rivais. Mas sim, para ser justo com um clube tão grande como poucos do cenário nacional. Amado por muitos, odiado por outros, mas respeitado por todos! Como é legal ouvir de torcedores de outros times que torceram pelo Galo nesta Libertadores, pelo belo futebol que conquistou o Brasil e, principalmente, pelo merecimento da massa sofrida.

Lembro dos tempos de criança, na década de 80, quando ouvia os jogos do Atlético na voz do inesquecível Willy Gonzer. Quando soava aquela vinheta de décadas atrás, parecida com um grande assobio que ecoa nas profundezas da alma, ainda exibida nos dias atuais na Rádio Itatiaia. No meu caso, ao escutá-la, revivo os emocionantes momentos de torcer pelo Galo há 33 anos. Logicamente, para nós atleticanos ganhar títulos é importante. No entanto, mais importante ainda é torcer pelo Atlético, ao modo sugerido por Roberto Drummond, onde o furacão da crônica disse que o atleticano torce contra o vento se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante a tempestade. E vou mais longe... Torcemos contra esse vento, muitas vezes intensificado pelos secadores dos torcedores arqui-rivais e grande parte da mídia do Eixo Rio-São Paulo.

O recente título da Libertadores conquistado heroicamente pelo Atlético calou o Brasil que torceu contra, ganhou uma dimensão mundial nas manchetes jornalísticas. Esta taça não cabe na sala de troféus da Sede de Lourdes, não cabe no coração dos atleticanos, ela extrapola as fronteiras físicas e ascende ao plano espiritual. Tantos atleticanos que se foram e não viram seu time conquistar um grande título merecem um pedacinho dela. Como estaria o visionário presidente Elias Kalil, vendo seu filho Alexandre saborear o que ele já deveria ter feito no passado? Certamente orgulhoso de ter plantado a árvore dos frutos colhidos pelo filho, como disse o atual presidente após a conquista do dia 24 de julho. E Telê Santana, imortal técnico atleticano? Imagino que o mestre rendeu-se ao estilo agressivo do futebol de Cuca, jogado para frente, sem medo e com habilidade. A épica campanha feita pelo time comandado pelo genial Ronaldinho Gaúcho e seus companheiros Bernard, Tardelli, Jô, Rever, Leonardo Silva, Victor e todos os outros do elenco que contribuíram para o feito histórico colocou esta atual equipe no degrau mais alto, no pedestal da glória do futebol atleticano.

Não sou de comparar qual o time foi melhor, este de 2013 ou o de 82, o de 71 ou 77. Cada um, na sua época, teve sua importância. No entanto, posso ter o orgulho de dizer que acompanhei e viajei pela América assistindo de perto este histórico time que conquistou o continente. Percorri dias e dias, perdi vôos, sofri nas derrotas, vibrei nas vitórias, agüentei as provocações. Na última partida de Belo Horizonte, chorei como uma criança, mas de alegria, quando estava na arquibancada atrás do gol das penalidades daquela final. Ao ver a bola chutada pelo jogador do Olímpia explodir na trave, explodiu também minha felicidade e a de todos que estavam no Gigante da Pampulha. Um jogo a ser guardado eternamente em nossas memórias! Agora posso dizer que valeu muito a pena, sim! O galo forte e vingador honrou seu hino e vingou os títulos que nos foram tirados no passado distante. Belo Horizonte, Minas Gerais e o Brasil alvinegro estão em festa. Os atleticanos do céu também estão festejando esta conquista ao som que soa das harpas e trombetas dos arcanjos, através da letra do inesquecível compositor Vicente Motta. "Clube Atlético Mineiro, uma vez até morrer..." E além desta vida, espero que seja no meu caso!

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